Vitória é a capital com maior acesso da população a bibliotecas, shows e locais históricos, aponta pesquisa
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Projeto Biblioteca Transcol já cadastrou 2,8 mil leitores no ES
Vitória é a capital brasileira onde a população mais tem acesso a bibliotecas, segundo a pesquisa Cultura nas Capitais, divulgada na última quarta-feira (10). Trinta e cinco por cento dos moradores disseram ter frequentado uma biblioteca nos 12 meses anteriores à entrevista, índice superior à média das capitais, que é de 25%.
Em segundo e terceiro lugares de cidades, aparecem no ranking Curitiba e Florianópolis, ambas com 33% da população. Os dados foram revelados no Palácio Anchieta, sede do executivo estadual no Centro da cidade.
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O levantamento analisou o comportamento cultural em todas as capitais do país e no Distrito Federal. Em Vitória, 600 moradores foram entrevistados. Além das bibliotecas, Vitória também se destaca em outros quesitos:
Concertos de música erudita, em primeiro lugar no Brasil, com 14% de acesso, contra 8% na média nacional;
Visita a locais históricos, com 56% de acesso, atrás apenas de Florianópolis, com 60%;
Shows de música, 47%, novamente em segundo lugar, atrás de Florianópolis, que alcançou 52%;
Dança, em segundo lugar, com 31%, logo atrás de Manaus, com 32%;
Saraus, com 16% de acesso, atrás de Florianópolis, com 17%.
A cidade aparece acima da média nacional em dez das 14 atividades pesquisadas e dentro da média nas outras quatro: museus, teatro, feira do livro e circo.
Biblioteca Pública do Espírito Santo.
Governo ES
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Para o diretor da pesquisa, João Leiva, a escolaridade da população é determinante para os bons resultados.
"Vitória está entre as capitais com maior percentual de moradores que estão ou já passaram pelo ensino superior. Como a educação é o fator que mais influencia o acesso a atividades culturais, isso ajuda a explicar os bons resultados da cidade", disse.
"Hábito inafastável"
O servidor público Armando Parreira, de 58 anos, é um grande entusiasta da leitura e, há anos, figura entre os maiores leitores da Biblioteca Pública do Espírito Santo, que fica em Vitória. A cada 20 dias, faz o empréstimo de dois livros.
"Frequento a biblioteca desde os 13, 14 anos. Leio de forma ininterrupta. A leitura para mim é um hábito inafastável, se eu não ler um dia eu não consigo dormir. Não tenho uma preferência, gosto de literatura portuguesa, brasileira, francesa, e fico de olho nas novidades. Às vezes, eu passo por um 'problema', que é o fato de já ter lido todos os livros de certos autores. Então, sempre busco a prateleira de livros recentemente adquiridos", contou.
A cada 20 dias, o servidor público Armando Parreira, de 58 anos, lê dois livros.
Divulgação
Parreira destacou, na sua avaliação, a importância do acesso a espaços de leitura.
"Eu acho indispensável você efetivar esse acesso. Por exemplo, você não inicia ninguém à ecologia se não fomentar ida a um parque ou a uma área verde. E com a leitura tem que ser a mesma coisa. O brasileiro lê muito pouco e o livro é um tesouro. Então, mais do que falar, a gente tem que dar o exemplo".
Ele também incentivou aquelas pessoas quem não conhecem bibliotecas a fazer a primeira visita. O gosto pela leitura pode começar assim.
"E eu faço questão de dizer que a Biblioteca Pública Estadual tem pessoas extremamente devotadas, sempre foi uma tônica ao longo dos anos, são comprometidos, não é um trabalho burocrático, temos um acesso operacionalizado, mas com o contato humano de quem gosta do que faz. Tem um acervo ótimo, inclusive publicado na internet, é muito funcional", disse.
Culinária do mar
O estudo também investigou hábitos alimentares. Em Vitória, 59% citaram peixes e frutos-do-mar como prato típico da cidade. A moqueca capixaba foi a mais lembrada, por 40% dos entrevistados, seguida pela torta capixaba, com 28%.
O empresário Langston Lazarini, dono de um restaurante de frutos-do-mar, acredita que o resultado reflete a cultura local.
"Eu sou nascido e criado em Goiabeiras Velha, do lado do mangue, minha família sempre foi envolvida com restaurante e eu acabei seguindo pelo mesmo caminho. É muita riqueza que nós temos, tá na nossa história, a gente está numa ilha, localização privilegiada".
Segundo ele, a culinária capixaba é o que mais atrai turistas.
"Hoje, eu diria que 90% das pessoas que vão ao meu restaurante são de fora. Chineses, americanos em visitas empresariais, e famílias de todo o Brasil. Eles gostam de vir conhecer".
O empresário Langston Lazarini é dono de um restaurante de frutos do mar e acredita que a culinária com base no pescado reflete a cultura do capixaba. Espírito Santo.
Arquivo pessoal
O empresário se emocionou ao falar da tradição.
"Eu queria até fazer uma homenagem à moqueca, que é o meu sustento. Não é só o pescado, é o tomate, a cebola, que tem alguém por trás que plantou, que foi lá buscar. Tem a panela de barro que tem uma cultura maravilhosa. Então, é realmente cultural, não é só o peixe como matéria-prima, e sim um trabalho envolvido muito bonito".
Museus e teatro
Em relação a museus, Vitória registrou 26% de acesso, número pouco abaixo da média nacional, que foi de 27%. Já o acesso ao teatro foi de 26%, praticamente o mesmo das outras capitais, que apareceram com 25%.
Entre os frequentadores, 60% assistiram a peças para adultos, 57% a musicais, 54% ao teatro infantil e 30% a stand-up comedy.
Apesar dos números próximos à média nacional, a pesquisa mostrou que a cidade tem um grande público potencial para essas atividades. Por exemplo, 33% dos entrevistados não foram a apresentações teatrais nos últimos meses, mas manifestaram interesse. O mesmo se repete com museus, 29% disseram querer ir.
Festa da padroeira também foi lembrada
Missa de encerramento da Festa da Penha 2025 em Vila Velha, Espírito Santo
Vitor Jubini/Rede Gazeta
O evento cultural mais importante da cidade é a Festa de Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo, citada por 16% dos entrevistados. A categoria festas religiosas alcançou 21%, uma das mais altas do país, atrás apenas de Belém, onde ocorre o Círio de Nazaré.
O carnaval também teve destaque, 16% disseram ter participado dos desfiles.
Sobre a pesquisa
A pesquisa Cultura nas Capitais é realizada pela JLeiva Cultura & Esporte, com coleta de dados pelo Datafolha, patrocínio da Fundação Itaú e do Instituto Cultural Vale e apoio do Ministério da Cultura.
Foram ouvidas 19,5 mil pessoas em todas as capitais brasileiras entre fevereiro e maio de 2024. Os resultados podem ser conferidos no site oficial.
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