Quem é Sheik, apontado como chefe da maior quadrilha de tráfico de animais silvestres do RJ
17/09/2025
(Foto: Reprodução) Leandro de Jesus, conhecido como Sheik
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O traficante Leandro de Jesus, conhecido como o Sheik, é apontado por policiais da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, como o maior vendedor de animais silvestres do estado.
A partir de sua prisão, em 2024, é que os investigadores da polícia começaram a desvendar a atuação dessa quadrilha.
Nesta terça-feira (16), a Polícia Civil do RJ prendeu 47 pessoas, algumas em flagrante, na Operação São Francisco, contra o tráfico de animais silvestres. A instituição considera esta “a maior operação da história do Brasil” no segmento. Mais de 800 bichos foram resgatados.
Segundo a polícia, Sheik é o chefe da quadrilha. A área de atuação do criminoso é a Feira de Caxias, na Baixada Fluminense.
Sheik chegou a ser flagrado pela TV Globo em uma reportagem sobre a venda de animais silvestres na Feira de Caxias. Sheik está de boné e com uma camisa vermelha, do Bayern de Munique, da Alemanha. (veja no vídeo abaixo).
Aves, ouriços e répteis são vendidos sem fiscalização na Feira de Duque de Caxias
Execução
Os investigadores dizem que o grupo de Sheik tinha o apoio do tráfico de drogas para o fornecimento de armas e munição.
Em sua ficha criminal, Sheik tem uma série de passagens por portes de arma de fogo, envolvimento com o tráfico de animais e até em um homicídio.
O crime ocorreu no interior da favela do Lixão, onde a vítima, Adail Gomes Neto, foi submetida a um "tribunal do tráfico de drogas". A investigação da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense concluiu que Adail foi morto a tiros tendo como executores Sheik e seu irmão, Edson de Jesus, conhecido como Zangado.
Zangado está foragido.
Em 17 de novembro de 2024, a DPMA realizou uma operação na Feira de Caxias, onde prendeu Sheik. A partir daí, as investigações levaram a intensas transações bancárias do criminoso com fornecedores, assim como o recebimento, via PIX, de pagamentos a receptadores e varejistas.
Essa movimentação financeira permitiu que a polícia identificasse expressivo número de integrantes da organização criminosa. Muitos desses investigados que foram identificados possuem, segundo os policiais, reincidência em delitos contra a fauna e flora.
Traficante Sheik (à direita) com uma camisa vermelha flagrado em reportagem da TV Globo
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Na ação desta terça-feira (16) também foi apreendida uma granada, um fuzil, uma pistola, munição e um cinto-bomba (cinto com explosivos). Cerca de mil agentes saíram para cumprir 45 mandados de prisão preventiva e 275 de busca e apreensão em todas as regiões do estado, mais São Paulo e Minas Gerais.
Duas pessoas foram baleadas. Um suspeito foi atingido em uma troca de tiros e está internado em estado grave. Uma policial civil também foi atingida na perna durante um ataque de criminosos na comunidade da Mangueira, na Zona Norte do Rio. O estado de saúde dela é considerado estável.
Um dos alvos de busca é o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, TH Joias, preso em outra operação — ele teria comprado 4 macacos.
Estrutura da organização criminosa
Tráfico de animais silvestres
Dhara Assis/Arte g1
A organização criminosa operava por meio de diversos segmentos:
Caçadores (mateiros): realizavam a captura em larga escala.
Atravessadores: transportavam os animais até os centros urbanos.
Falsificadores: produziam documentos e selos públicos falsos para “esquentar” a origem dos animais.
Núcleo de armas: fornecia armamento e munições para a proteção das atividades ilegais.
Consumidores finais: foram identificados diversos compradores que alimentavam o mercado clandestino.
A investigação também revelou a relação entre o tráfico de animais e o tráfico de drogas, com feiras clandestinas como as da Pavuna e Duque de Caxias como pontos de venda.
“A gente identificou um grupo ligado ao tráfico de drogas que fornece armas e munição em larga escala. Esse núcleo teve algumas prisões hoje. Um deles é apontado como um latrocida contumaz, demonstrando que o tráfico de animais e o tráfico de drogas estão na mesma organização criminosa”, explicou o delegado André Prates.
Alguns dos bichos resgatados na Operação São Francisco
Reprodução/TV Globo