PMs que atiraram contra motorista de aplicativo são afastados das ruas; cabo chegou a dizer que havia outro homem com inocente

  • 18/09/2025
(Foto: Reprodução)
PMs que atiraram contra motorista de aplicativo são afastados das ruas A Polícia Militar informou na noite desta quarta-feira (17) que os agentes envolvidos na ocorrência que acabou com um motorista de aplicativo atingido por tiros após ser confundido com bandidos foram afastados das ruas. O afastamento foi feito após 311 dias da ação - na qual três policiais dispararam quase 20 vezes contra o carro de Bruno Bastos Patrocínio. O episódio aconteceu em 10 de novembro de 2024, na Av. Pastor Martin Luther King Jr., em Inhaúma, na saída da Linha Amarela, durante uma operação do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE). Inicialmente, a corporação disse que os policiais seguiam trabalhando e que não havia decisão judicial que determinasse a suspensão dos agentes. Depois da repercussão do caso, os três policiais foram afastados do trabalho nas ruas. Imagens de câmeras corporais obtidas com exclusividade pelo RJ1 mostram que, para justificar os tiros, um dos policiais chegou a dizer que tinha outro homem no carro junto com o motorista e que ouviu um disparo. Depois, em uma conversa com o comandante no batalhão, o policial diz: "Eu fui no carro pra ver se tinha alguma coisa, não tinha nada dentro do carro, mas tinha alguém que estava com ele e que saiu. Ele falou que era uber, só que a habilitação dele está vencida desde 2020." Para o motorista, os agentes tentaram colocar a culpa nele. "Ficaram tentando colocar a culpa em mim. Falaram que minha habilitação estava vencida sendo que a habilitação não estava vencida. Eles não acreditaram, inventaram várias farsas, várias historias diferentes. A versão ia mudando. Eles atiraram para matar, os tiros foram todos na minha direção, tanto que as balas pegaram na direção do meu coração. Eles atiraram para me matar, não tentaram atirar para me parar por um minuto", afirma Bruno. Outras imagens mostram que os agentes tinham dúvidas sobre qual carro havia furado a blitz antes de iniciar a perseguição e, depois, atirar quase 20 vezes. O inquérito da Polícia Judiciária Militar concluiu que os PMs não tinham certeza das características do veículo que deveriam perseguir e mudaram a versão dos fatos apenas após tomarem conhecimento das imagens de câmeras de segurança da rua. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 RJ no WhatsApp 'Era esse carro?' 'Não, não era” Nos vídeos das câmeras corporais, obtidos com exclusividade pelo RJ1, os policiais discutem entre si sobre qual veículo seguir. Imagens mostram o momento em que os PMs abordam Bruno Reprodução/TV Globo Pouco depois, já sem avistar o carro que perseguiam, cruzam com o carro de Bruno — que apareceu na direção contrária. Eles ordenam que o motorista pare. Mesmo sem reação hostil, os agentes disparam 18 vezes contra o veículo. Bruno, que estava sozinho, tentou parar o carro puxando o freio de mão, enquanto fazia gestos com as mãos e gritava pedindo que parassem. Ele foi atingido quatro vezes e só conseguiu parar o carro ao puxar o freio de mão. Imagens das câmeras da PM mostram Bruno após ser baleado Reprodução/TV Globo Versão combinada e cápsula recolhida Nas imagens obtidas pelo RJ1, é possível ver que na porta do hospital os agentes conversam sobre o que relatar ao batalhão e recolhem cápsulas de munição que ficaram no carro da vítima. Ao todo, acham sete objetos. “Eu escutei um tiro, por isso que eu dei”, comentou um PM. “Eu escutei um tiro”, disse outro. “Eu também”, emendou. “A P2 está perguntando aqui”, destaca um militar. P2 é como se chama a seção de inteligência da Polícia Militar, responsável por atividades de investigação e coleta de informações estratégicas. “Fala que o carro se evadiu”, responde um colega. “O carro se evadiu, a gente foi atrás, bateu de frente, mandou parar, ordem de parada... escutamos um estampido de disparo e disparamos e pronto. Foi o que aconteceu”, repassou. Em seguida, os agentes entraram no hospital em busca de informações sobre o motorista. Na saída, um PM ainda justifica os quase 20 disparos: “Eu ia dar mais, mas eu fiquei com medo porque eu não sabia. Ele demorou pra c*. Por que ele não saiu logo, cara? Ele continuou vindo com o carro.” O inquérito concluiu que houve irregularidades na conduta e apontou indícios de crime doloso, quando há intenção de matar. O caso foi encaminhado em julho ao Ministério Público Militar, que ainda analisa se denunciará os envolvidos. Policiais investigados Quatro policiais participaram da perseguição. Três respondem a processo criminal: 1º sargento Fernando Gonçalves Pereira 2º sargento Simon Santos do Nascimento cabo Max Moraes Braga Alves Os PMs envolvidos na perseguição policial Reprodução/TV Globo O soldado Alencar Nascimento, que dirigia a viatura, não foi indiciado. Quatro balas no corpo Bruno Patrocino Bastos trem 4 balas alojadas na região abdominal Marcos Coelho/TV Globo Dez meses após o episódio, Bruno segue com quatro balas alojadas no corpo. Ele não consegue trabalhar como antes e foi diagnosticado com transtorno de estresse pós-traumático. A Justiça do Rio fixou indenização de R$ 40 mil por danos morais, mas negou pedidos de novo carro, assistência médica, lucros cessantes e desbloqueio do aplicativo de corridas que usava. A defesa já recorreu. “Esse valor não cobre nem perto o que eu perdi. Estou endividado e ainda com as balas no corpo”, disse Bruno. Imagens mostram o momento em que os PMs abordam Bruno Reprodução/TV Globo O que dizem as autoridades A Polícia Militar informou que os agentes envolvidos continuam exercendo suas funções normalmente, já que até o momento não há decisão judicial que determine o afastamento. A Secretaria Municipal de Saúde declarou que Bruno é acompanhado pela Clínica da Família Bibi Vogel, no Engenho da Rainha, e que, até agora, não há indicação médica para a retirada dos projéteis. A pasta acrescentou que, desde fevereiro, Bruno teve 3 consultas em saúde mental e uma em psiquiatria agendadas pelo Sisreg. A TV Globo procurou a defesa de cada um dos policiais citados na reportagem, mas não obteve retorno. Já a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) informou que vai apresentar resposta ao recurso movido pela defesa de Bruno.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/09/18/pms-que-atiraram-contra-motorista-de-aplicativo-sao-afastados-das-ruas.ghtml


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