Observatório europeu indica que 2025 deve ser um dos anos mais quentes já registrados
07/11/2025
(Foto: Reprodução) COP30 - Por que limitar o aquecimento a 1,5°C é a meta perseguida?
Outubro de 2025 foi o terceiro outubro mais quente já registrado no planeta, com uma temperatura média global de 15,14 °C — 0,7 °C acima da média de 1991 a 2020 e 1,55 °C acima do período pré-industrial.
Segundo o programa europeu Copernicus, que monitora o clima global, por causa desse recorde e de meses anteriores, 2025 deve encerrar entre os três anos mais quentes da história.
O relatório, divulgado nesta quinta-feira (6), mostra que, entre novembro de 2024 e outubro de 2025, a temperatura média do planeta ficou 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
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Assim, mesmo que 2025 não ultrapasse 2024 (o ano mais quente já registrado), os cientistas afirmam que a média global dos últimos três anos deve, pela primeira vez, superar 1,5 °C, marca simbólica do Acordo de Paris.
🌡️ENTENDA: Essa meta de 1,5°C foi estabelecida pela CO21 em 2015 para evitar impactos extremos do clima, como secas, elevação do mar e colapso de geleiras. Estudos recentes, porém, mostram que o mundo pode já ter ultrapassado esse ponto crítico.
“Estamos na década em que o limite de 1,5 °C provavelmente será ultrapassado, o que destaca o ritmo acelerado das mudanças climáticas e a necessidade urgente de ação”, afirmou Samantha Burgess, diretora de clima do Copernicus.
“Outubro de 2025 foi o terceiro outubro mais quente já registrado globalmente e, embora 2025 possa não ser o ano mais quente, é quase certo que estará entre os três primeiros. Os últimos três anos registraram temperaturas excepcionais e a média para 2023–2025 provavelmente ultrapassará 1,5°C, a primeira vez em um período de três anos", acrescentou.
O boletim também alerta que os oceanos seguem com temperaturas excepcionalmente altas.
Em outubro, a média global da superfície do mar ficou entre as maiores já registradas, apenas 0,24 °C abaixo do recorde de 2023 e 0,02 °C acima do valor de 2015, que ocupa a quarta posição.
Segundo o programa europeu, o calor nos mares continua sustentando anomalias significativas, mesmo após o enfraquecimento do fenômeno El Niño.
Termômetro marca 43ºC durante onda de calor na Europa, em 1º de julho de 2025
REUTERS/Benoit Tessier
As águas do oceano Ártico europeu e do leste do oceano Índico, próximo à Indonésia, por exemplo, atingiram novas marcas históricas, enquanto o Pacífico central e oriental apresentou valores mais próximos da média.
Essa diferença reflete a mudança nas condições oceânicas que vem ocorrendo nos últimos meses, à medida que o El Niño perde força e dá lugar a um cenário mais neutro.
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Gui Sousa/Arte g1
De acordo com os dados do Copernicus, as maiores anomalias de calor foram registradas nas regiões polares, especialmente no nordeste do Canadá, no centro do oceano Ártico e no leste da Antártica.
Já a Rússia, a Mongólia e o norte da China tiveram áreas com temperaturas abaixo da média.
Na Europa, a média sobre o continente foi de 10,19 °C, 0,60 °C acima da média de 1991–2020, o que manteve o mês fora dos dez outubros mais quentes já registrados.
As anomalias mais significativas ocorreram na Escandinávia e no sul da Península Ibérica, enquanto o sudeste europeu teve temperaturas ligeiramente mais baixas.
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O relatório também aponta queda na extensão do gelo marinho. No Ártico, a área coberta por gelo ficou 12% abaixo da média, o oitavo menor valor já observado para outubro.
As concentrações mais baixas ocorreram no setor euroasiático do oceano, especialmente ao norte de Franz Josef Land e Severnaya Zemlya, regiões que também apresentaram temperaturas do ar muito acima da média.
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Na Antártica, a extensão do gelo foi a terceira menor já registrada para o mês, 6% abaixo da média, com destaque para reduções nos mares de Bellingshausen e do oceano Índico, áreas que também registraram calor anormal no entorno.
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O boletim mostra ainda contrastes marcantes na distribuição das chuvas. Outubro foi mais úmido que o normal em partes do sudeste da Europa, especialmente nos Bálcãs, Bulgária, Romênia, Sérvia, Grécia e costa oeste da Turquia.
Também houve precipitação acima da média na Escandinávia, Dinamarca, sul da França, Irlanda e partes da Espanha.
Em contrapartida, a Península Ibérica, o norte da Itália e o nordeste europeu registraram condições mais secas.
Fora da Europa, houve mais chuva no oeste dos Estados Unidos, México, Alasca, Península da Coreia, China oriental, norte da Índia, Nepal, sul da Austrália e sul do Chile, enquanto as regiões mais secas incluíram o leste do Canadá, norte da África, Península Arábica, grande parte da Rússia e o leste da Austrália.
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