'Não sei se vou poder me despedir do meu filho', diz mãe de brasileiro que morreu na guerra da Ucrânia

  • 04/09/2025
(Foto: Reprodução)
Capixaba morre na guerra da Ucrânia "Não sei se vou poder me despedir do meu filho", desabafou a mãe do brasileiro morto durante batalha na guerra da Ucrânia, na última segunda-feira (1º). Bruno de Paula Carvalho Fernandes, de 29 anos, nasceu em Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo, e morava há quatro anos em Governador Valadares, Minas Gerais. Bethania Paula da Silva Guede disse que já estava com um pressentimento ruim sobre o filho desde a última conversa de vídeo que os dois tiveram, no domingo (31). Bruno tinha ido lutar na linha de frente da guerra como soldado voluntário. "Ele mandava mensagem quando dava. Ele já tinha sido alvejado em outro ataque e, no domingo de manhã, ele ele me falou que precisava ir para o fronte, que ele tinha sido convocado. Ali eu já entrei em pânico. No domingo, eu conversei com ele, orei para ele e aí depois recebemos a mensagem", comentou Bethânia. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp A mãe relatou que vive angustiada desde que recebeu as mensagens da morte do filho, sem saber se vão encontrar o corpo dele e conseguir trazê-lo de volta para o Brasil. "Fica mais difícil de acreditar quando a gente não vê. Não temos certeza de nada, não passam mais detalhes. Nossa luta agora é que eles comuniquem que ele faleceu pra gente poder correr atrás da papelada. Isso está me matando, a gente fica no escuro, sem saber o que fazer. Pensar que o corpo dele está lá jogado, no meio do mato. E disseram que ele foi atingido por um drone já em terras russas quando foi resgatar alguém. Ele precisaria se arriscar. Mas eu como mãe não quero que alguém morra para conseguir chegar até o corpo do meu filho", disse. Bethania contou que já entrou em contato com a embaixada, mas que eles disseram que ainda não foram notificados do caso. A família foi informada que a comandante responsável por Bruno precisa notificar, primeiramente, a embaixada ucraniana, e que isso pode demorar dias até meses. O g1 procurou o Ministério das Relações Exteriores, que informou que, por intermédio da embaixada do Brasil em Kiev, permanece à disposição para prestar a assistência consular devida e que não divulga informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares, e tampouco fornece detalhes sobre a assistência prestada a brasileiros. SAIBA MAIS: ENVIOU ÁUDIOS À ESPOSA: 'Daqui a uns dias estarei de volta' PERFIL: Pai, marido e profissional da saúde na linha de frente da Covid-19: veja quem era o brasileiro morto na guerra da Ucrânia Informou ainda que o atendimento consular prestado pelo estado brasileiro é feito a partir de contato do cidadão interessado ou, a depender do caso, de sua família. Reforçou que publicou alerta recente sobre a participação de combatentes brasileiros em conflitos armados em outros países. Ida para a Ucrânia Bruno de Paula Carvalho Fernandes, de 29 anos, era de Barra de São Francisco, Espírito Santo, e morreu na guerra da Ucrânia Reprodução/Redes sociais A mãe narrou que o filho, que trabalhava como técnico de enfermagem em Minas, comentava sobre a vontade de trabalhar na Ucrânia. "Eu não sei como ele ficou sabendo, mas eu sempre falei que achava perigoso, não concordava. Quando eu descobri, ele já estava lá. A princípio, ele disse que ia salvar vidas na Ucrânia, mas desde o início nós vimos que ele estava em batalha e não tinha ido para trabalhar como técnico de enfermagem", destacou. Segundo amigos próximos, Bruno embarcou em fevereiro deste ano para a Ucrânia e completou 29 anos no dia 30 de junho. Durante o período que estava no país, ele conversava com frequência com a mãe. Bruno, então, foi chamado para participar de mais uma ação com os soldados ucranianos. Bethania contou que os últimos áudios enviados pelo filho já soavam como uma despedida. "Ele sempre falava que estava bem, feliz. Depois da última vez em que ele foi ferido, ele disse que quando se recuperasse, ia voltar. Pra mim, tinha sido um alívio muito grande, porque a gente sabia que ele ia voltar. Ele já não tinha mais condições de continuar na guerra. Mesmo falando que estava em paz, quando eu ouvi, coração de mãe não me engana, foi uma despedida", pontuou (ouça abaixo). Horas antes de morrer na Ucrânia, brasileiro envia áudios à esposa O capixaba também enviou áudios para a mulher, Cecília Fernandes, dizendo estar em paz e confiante de que voltaria para casa. “Não é uma despedida, jamais. Não é uma despedida. É só uma mensagem de que daqui a uns dias estarei de volta. Deus é conosco", disse em um dos últimos áudios enviados. Notícia da morte A mãe recebeu a notícia da morte do filho enquanto estava trabalhando e disse que passou mal e precisou ser socorrida pelos colegas. "Ela (Cecília) me ligou chorando e eu passei mal. Na hora, eu tomei um choque tão grande, que eu entrei em pânico. Ele morreu como herói. Mas, pra uma mãe, a ficha só vai cair de alguma forma se eu conseguir ver ele. Parece que ainda não estou acreditando", afirmou. Bruno foi registrado como soldado ucraniano Arquivo pessoal De acordo com a mulher de Bruno, o marido sofreu uma emboscada com outros três combatentes, dois ucranianos e um brasileiro. Apenas o brasileiro sobreviveu, mas permanece internado e sem condições de fala. O capixaba deixou dois filhos: uma menina de 6 anos que criou desde a gestação e um menino de 5, filho biológico dele. Antes de se voluntariar para a guerra, Bruno atuava como técnico de enfermagem. Ele trabalhava em um hospital de Mantena, onde conheceu a esposa. Depois, passou a trabalhar no Hospital São Vicente, onde foi um dos profissionais de saúde na linha de frente contra a Covid-19. Pai, marido e profissional da saúde na linha de frente da Covid-19: veja quem era o brasileiro morto na guerra da Ucrânia Redes sociais VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo

FONTE: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2025/09/04/nao-sei-se-vou-poder-me-despedir-do-meu-filho-diz-mae-de-brasileiro-que-morreu-na-guerra-da-ucrania.ghtml


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