Firjan e Fecomércio se manifestam contra flexibilização de voos do Santos Dumont; veja o que dizem especialistas
22/12/2025
(Foto: Reprodução) Número de passageiros do Santos Dumont vai subir em 2026, diz ministro
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) e a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) se manifestaram contra a possibilidade de flexibilização do limite de voos no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio.
Para as entidades, a mudança pode provocar um desequilíbrio no sistema aeroportuário do estado e prejudicar a economia fluminense.
“O Santos Dumont e o Galeão operam em completa simbiose, eles operam numa racionalização de operação. Quando sobra para um lado, falta para o outro, e é isso que vai acontecer [em caso de flexibilização]. Nós estamos penalizando o melhor aeroporto do Brasil, que é o Galeão, que tem as maiores pistas, a maior capacidade de transporte, que tem apresentado resultado extraordinariamente bom”, afirmou Delmo Pinho, engenheiro da Fecomércio.
O debate sobre a flexibilização voltou à pauta após declarações do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que afirmou, na manhã desta segunda-feira (22), em entrevista à GloboNews (veja abaixo), que o volume de passageiros no Santos Dumont deve aumentar em 2026.
Ministro de Portos e Aeroportos fala sobre mudanças no Aeroporto Santos Dumont
Segundo a Fecomércio, o temor é de que setores estratégicos da economia do Rio sejam impactados negativamente caso o teto de passageiros seja ampliado.
“O turismo vai ser prejudicado, os serviços vão ser prejudicados, o comércio do Rio de Janeiro vai ser prejudicado, isso não é nada bom”, disse Delmo Pinho.
Em nota, a Fecomércio-RJ defendeu a manutenção do limite atual de 6,5 milhões de passageiros por ano no Santos Dumont e classificou qualquer alteração como inoportuna e contrária ao interesse público. A entidade ressaltou ainda que o teto foi definido com base em uma série de estudos técnicos.
No domingo (21), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), criticou a discussão sobre mudanças no teto de passageiros do aeroporto, que fica no Centro da cidade.
Enquanto isso, o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, vem ampliando a oferta de voos desde 2023, em um projeto de reorganização do sistema aeroportuário do estado. Apenas nos dois primeiros meses deste ano, o terminal registrou a chegada de 473 mil visitantes estrangeiros.
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Dados econômicos do RJ baseiam restrição, diz Firjan
Gerente de infraestruturas da Firjan afirma que aeroportos do Galeão e Santos Dumont têm vocações complementares
Isaque Ouverney, gerente de infraestruturas da Firjan, destaca que os números da economia fluminense apontam para um acerto na restrição dos voos do Santos Dumont.
“Na medida que o estado, como um todo, conseguiu aumentar o volume de passageiros domésticos acima da média nacional, o volume de passageiros internacionais também acima da média, assim como o volume de cargas, essa melhor coordenação tem se mostrado, segundo os dados, positiva para a economia do Rio de Janeiro”, afirmou.
Segundo Ouverney, os aeroportos do Galeão e do Santos Dumont têm funções distintas e complementares, e cabe ao poder público garantir que essas vocações sejam respeitadas.
“E é superimportante que estes aeroportos atendam às suas vocações principais: o Santos Dumont, tendo a vocação para ser um aeroporto de conexão doméstica, uma localização estratégica; e o aeroporto internacional, por sua vez, tem a vocação de ser o hub internacional do Rio de Janeiro, transportando não só passageiros, como principalmente cargas”, ressaltou.
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Interesse de cias aéreas
Para Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, a discussão envolve interesses de mercado e das companhias aéreas, mas precisa respeitar a lógica de coordenação do sistema.
"Existe a lei de mercado. Existe demandas identificadas pelas companhias aéreas. Então, pode ser isso que esteja fazendo esse assunto voltar. A lei da criação da Anac tem dois artigos muito importantes. Um da liberdade de tarifária e outro da liberdade de mercado, onde as empresas aéreas são livres para escolher rotas, frequência, toda a malha viária. Então, pode estar havendo alguma identificação de que isso precisa ser reativado no Santos Dumont, sem prejudicar o Aeroporto do Galeão”, afirmou Quintella.
Aeroporto Santos Dumont
Rafael Nascimento / g1 Rio