Capital paulista tem recorde de feminicídios e alta de homicídios e de furtos de janeiro a novembro
31/12/2025
(Foto: Reprodução) Dados sobre furto e feminicídio na capital paulista
A cidade de São Paulo registrou recorde de feminicídios e alta de homicídios e de furtos no período de janeiro a novembro de 2025, segundo dados atualizados da Secretaria Estadual da Segurança Pública divulgados na terça-feira (30).
Neste ano, os feminicídios já haviam superado toda a série histórica. E os índices continuam crescendo: foram 58 mulheres mortas nos primeiros 11 meses deste ano, um aumento de 20% em comparação com o mesmo período do ano passado.
No estado todo, foram 233 casos de feminicídios registrados nesses meses, o que representa uma alta de 1,7% em relação ao período idêntico em 2024.
Um dos episódios recentes que chocaram e geraram forte repercussão foi o da mulher atropelada e arrastada por mais de um quilômetro na Marginal Tietê pelo ex-ficante. Ela teve as pernas amputadas e morreu após quase um mês internada.
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou neste mês um inquérito para apurar a possível falta de políticas públicas de combate à violência contra a mulher na gestão estadual, incluindo a redução de verbas para o setor.
Entre os crimes que mais subiram na capital, estão os furtos. Foram mais de 266 mil casos, considerando os furtos em geral e os de veículos. O número representa alta de 2%.
Os homicídios dolosos, ou seja, quando há intenção de matar, também cresceram. O aumento foi de 3% em comparação com 2024.
Queda nos indicadores
Já entre os que mais caíram na cidade de São Paulo estão os roubos, com redução de 14%. Neste recorte, foram considerados os roubos em geral e os de veículos.
Os latrocínios, que são os roubos seguidos de morte, caíram 25%. Já os estupros registraram redução de 2% no período.
Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que "os índices de criminalidade são permanentemente analisados de forma técnica e criteriosa, considerando séries históricas, variações sazonais e o contexto específico de cada ocorrência".
"A Secretaria de Segurança Pública (SSP) trata todos os registros com máxima seriedade, especialmente os crimes contra a vida e contra a dignidade sexual, que são prioridade absoluta das forças de segurança", declarou.
Protesto contra violência às mulheres reúne manifestantes na Avenida Paulista
ANGéLICA ALVES/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
"No enfrentamento à violência contra a mulher, a SSP destaca o fortalecimento das ações de acolhimento às vítimas e a ampliação da rede de atendimento das Delegacias de Defesa da Mulher (DDM). Na atual gestão, o Estado alcançou 142 unidades territoriais de DDM, além da implantação de 108 Salas de atendimento por videoconferência, totalizando 170 espaços integrados à DDM Online. A iniciativa garante atendimento ininterrupto às vítimas de violência", declarou a pasta.
A SSP também disse que a pasta "tem realizado ações contínuas para o enfrentamento de crimes contra a mulher, exemplo da operação 'Ano Novo, Vida Nova', realizada nesta terça-feira (30) em todo o estado, com foco no combate à violência doméstica".
"A ação contou com a participação de unidades de diversas regiões, incluindo o Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), mobilizando 1.828 policiais civis e 745 viaturas para ampliar a presença policial e a atuação coordenada das equipes, sendo a quarta megaoperação realizada apenas neste ano. Durante esta ação, 580 infratores foram presos, sendo 562 por meio do cumprimento de mandados de prisão temporária, preventiva e mandados judiciais, além de 18 prisões em flagrante", disse.
"O Estado apresentou redução de 0,94% nos registros de estupro, entre janeiro e novembro. Na capital, a redução foi de 90 registros no mesmo período, com os boletins diminuindo de 2.787 para 2.697", declarou.
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